22 junho 2009

Despedida


Um silêncio mortal se instaurou.

Ou talvez fosse apenas um efeito de sua mente. Tudo parecia absolutamente quieto, desesperador. Trabalhar assim era como passar um dia no inferno: 10h58, 10h59...o relógio parece estar estático, nunca girar. Finalmente 11h00. Ainda falta ao menos uma hora para chegar um horário aceitável de almoço. Que chatice!

Há alguns meses atrás sua vida era totalmente diferente. Acordava às sete da manhã animada, aliviada com o começo de um novo dia. Ambiente alegre, piadas, sorrisos. As coisas mudaram com o tempo. Hoje o barulho do celular anunciando o horário de levantar é como um chamado de guerra. Foi então que decidiu mudar. Era hora de procurar novos desafios, se os antigos já estavam saturados.

Mas isso não mudou o ritmo de seus dias. Tudo continuou absolutamente igual. De repente pensou: “será que será assim para sempre?” Não era possível. Todos os sonhos que tinha, o reconhecimento que esperava por fazer bem feito o trabalho que ama. Seria tudo ilusão?

Corre para o banheiro e chora. O cubículo branco que foi muitas vezes mais acolhedor que a maior sala do mundo. Ali sentia-se finalmente ela. Podia ser quem era: a chorona de sonhos infantis. Não os abandonaria. Lutaria por eles mesmo que todos fossem contra. Afinal, tinha sido assim até aquele momento. Estava sozinha, era uma realidade que tinha que aceitar. E aceitaria de braços abertos.

Mais uma vez o pequeno banheiro branco havia injetado uma dose de coragem na alma aflita que ali se encontrava. Como um ambiente poderia ser mais compreensivo que pessoas?

Estava decidido. Ergueria a cabeça até o último segundo. E ninguém mais passaria por cima dela. Mesmo que depois da batalha necessitasse de uma ida ao banheiro branco.

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