06 outubro 2009

É outubro

É outubro.

Mas não há flores pelas ruas, não há sol pela janela. Há uma vontade louca de encontrar um espaço no mundo, apenas um pequeno furo e abrigar-se nele. Esperar que o primeiro raio de sol, prenúncio da felicidade, ilumine a esperança e clareie a verdade. Aguardar pelo momento do fim, anúncio de um novo começo. Momento aguardado. Ao contrário da morte, um caminho novo, que faça a vida pulsar e gritar a plenos pulmões.

Que a primavera finalmente aconteça. Que chegue o verdadeiro verão. Que a instabilidade da natureza não atinja o coração. Se ao menos pudesse tocar a lua e aproximar seu brilho da Terra, para afastar do mundo um pouco da escuridão. Mesmo que o brilho seja emprestado, qualquer alento é uma benção.

Que os sentimentos aflorem. Que a doce brisa da estação traga novamente o calor do amor. Que este verão revele segredos. Que cause a deliciosa sensação de amar e ser amado, de sentir a felicidade vazar por cada poro, de desejar ao mundo uma pequena parcela da alegria que embriaga o coração.

E que, ao passar, a estação deixe os amores quentes. Que a nostalgia seja apenas uma espera ansiosa pelo próximo verão. Que não seja mais a tristeza do arrependimento. A dor da ilusão.



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